terça-feira, 16 de outubro de 2007

FÁBULA

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joão tenta
encontrar em
maria:

o ar mais quente em
seu hálito
o peso mais denso do
seu corpo
o zelo mais extenso do
seu gosto

mas maria (sesmaria)
é desvairada e absurda:

seu hálito
é apenas o frio do suspenso
seu corpo
é exatamente o aço do costume
seu gosto
é a certeza dedicada do acaso

que opção pode ter joão?

joão é são como sansão
é furtivo como um livro
e vivo como um reflexo desconexo
joão tem inveja todo dia (sem alívio)

joão não pode nada
nesta vida
a não ser
querer desquerer
crer em maria
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2 comentários:

Cinéfilo disse...

Brilhante, Orlando.
É de um poema assim que essa moçada necessita. Fosse eu um poeta, copiaria vc.
Não sendo, fico a distância, admirando.

Abraço

Maria Clara dos Santos Batista disse...

Adorei!